7 de octubre de 2009

Quietude


Sentar no ponto mais alto de uma montanha; sentar nas areias molhadas de uma praia; caminhar por uma estrada deserta sem fim. Estas são formas de ir em direção da QUIETUDE. Nada a perguntar, tampouco a responder. Deixar que as lembranças aconteçam em um devir infinito. Aos poucos, pode ser, as imagens vão sendo articuladas como um caleidoscópio: formas coloridas movimentando-se e criando conteúdos dos momentos vividos, tal como nos lembramos, nunca necessariamente como aconteceram, se é que aconteceram. Mas isto não importa, neste momento não procuro a verdade fática, o testemunho histórico, apenas o testemunho de mim mesmo enquanto peregrino que sempre fui neste mundo que me recepcionou com a vida. Nestes momentos de absoluta solidão, ouço tão somente as vozes silentes dos fantasmas que me acompanham em silêncio e solidariamente. Quietude, momento em que as palavras perdem seu sentido, em que as percepções deixam de ser seletivas, para que o silêncio fale mais alto e as sensações capturem simplesmente o entorno.
Nada a definir, nada a julgar, nada de juizos racionais, éticos ou estéticos. Nenhuma esperança nem de projetos a serem realizados. Nada de amores desavisados nem de paixões tórridas. Tampouco nada de indiferença. Apenas deixar que a quietude embale meu corpo como em um gesto de carinho e de despedida, tão somente.
Quietude que me concede escutar as vozes amadas em harmonia com as vozes naturais, deixando uma sensação de que o adeus acontece sem deixar saudades nem tampouco leva-las consigo, num abandono sem fardos, leve e sutil, apenas...


Albano Pepe
http://www.fotolog.com/albanopepe

2 comentarios:

Juliana Goulart dijo...

muito lindo!! adorei!!!

Pâmela Thais dijo...

Concordo plenamente com a Juliana , lindas as palavras de Albano Pepe. Parabéns