10 de septiembre de 2009

Cataclismas

Caro mio,
Bela inserção no meu fotolog. Imagem indescritivel como a que vivemos naquela tarde noite em Itaara, assim como eu, toda a população local. O espetaculo dos trovões e relampagos, assim como a queda abrupta dos meteoritos de gelo rasgando a cortina de água que caia sobre nossas cabeças, me lembram o velho Kant que afirmava a grandiosidade da natureza frente a nossa fragilidade. Senti, amigo, minha fragilidade, minha pequenês ante o espetáculo que presenciava enquanto minha casa se curvava ante tal imponencia. As pedras de gelo atravessavam a cobertura rompendo as telhas, o madeirame, espocando no piso, acompanhadas pela forte chuva que penetrava nossa pele e nossa alma. Cigarro molhado entre os dedos, uma taça de vinho sorvida nervosamente e a impotencia diante das circunstâncias que silenciavam minha pretensa liberdade. Como ser livre ante a força do elemento natural que acontece?
A casa ficou em ruinas, não a morada do ente que sou! Est a permaneceu incólume. Gaia demonstrou sua força e beleza. Eu, quieto vivia aquele momento único, sabendo-me aprisionado em um corpo que é elemento desta natureza, tão somente isto. Minha morada, ou seja, meu corpo precisa da casa, do aconchego produzido com carinho e cuidado. Em nome deste lugar que me abriga, volto a reconstrui-la, a reconstitui-la, pedra por pedra, para que seus recantos mágicos voltem a acontecer, para que ela abrigue as pessoas que amo, para que ela os recepcione como a mim.
Por enquanto estou deslocado, fora da intimidade do meu habitat, mas, tal formiga trabalho para a reconstrução deste pequeno espaço que ocupo em um grande formigueiro que não pode ser demolido, destruido simplesmente. Minha casa faz parte da comunidade que conjuntamente se recompõe sedimentada pelo suor e pelas lágrimas de seus habitantes, cientes da importância deste pequeno rincão fincado no meio da serra do planalto gaúcho.
Querido amigo, tua presença ao meu lado faz parte dos lugares onde encontro a solidariedade necessária para minha convicção da grandiosidade desta espécie que às vezes parece ser tão egoista e tão sem sentido. Talvez por isso, Gaia não tenha desistido de nós, embora nos lembrando o quão frágeis somos. Agradeço tua solidariedade e amor.
Albano

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