Trajes típicos do acesso ao Judiciário: de acordo com a dignidade da Justiça.
Hoje vi uma notícia na televisão que fez doer o meu estômago. Um Juiz do Trabalho da comarca de Cascavel, no Paraná, adiou a realização de uma audiência trabalhista por considerar que o reclamante desempregado não estava vestido de acordo com a dignidade da justiça, por calçar chinelos, remarcando a audiência para daqui a dois meses.
Durante a reportagem várias pessoas foram entrevistadas, inclusive a vítima deste preconceito, o Senhor Joanir. Este, com toda sua humildade, se defendeu dizendo que seus pés estavam limpos.
Senhor Joanir: você não precisa se defender! Quem deveria dar explicações não é você, e sim o magistrado. Ele ao invés de agir com preconceito, deveria garantir o seu acesso ao Judiciário, direito garantido pela Constituição.
Sobre o ocorrido manifestou-se o presidente da OAB do Paraná, dizendo que não existe lei que preveja o tipo de traje a ser usado durante uma audiência, referindo que vale o bom senso. Ora, bom senso é cobrado apenas dos cidadãos, mas e os governantes, eles tem agido com bom senso? Como cobrar bom senso dos que não tem o que vestir ou comer?
O Senhor Joanir, analfabeto, desempregado, terá que aguardar a próxima audiência. Fico pensando se ele ira alugar uma roupa, pedir emprestado um par de sapatos, ou se receberá de presente de alguém alguma roupa que seja do padrão da dignidade da justiça. Aliás, alguém me diga: que traje é esse?! Poderia ser o tema do próximo Fashion Week.
Vivemos em um país marcado pelas desigualdades sociais. Não podemos permitir que quem esteja no poder nos trate desta forma desumana. Enquanto alguém se revoltar com tal atitude ainda terei esperança de que as pessoas possam, no mínimo, se respeitarem e se reconhecerem umas nas outras. Fica só nas teses e teorias que somos todos iguais.
O pior de tudo é que não foi a primeira vez que esse Juiz agiu assim, outros casos já foram identificados na sua comarca. Agora a Corregedoria Regional determinou que ele remarque as audiências adiadas. Nada mais justo. Não se pode permitir que ele manche o nome da magistratura desta forma, pois temos excelentes juízes em todo o Brasil, pessoas sérias que respeitam os cidadãos e seus direitos.
Enquanto isso o Senhor Joanir espera, até que possa ter a chance de ser ouvido pelo magistrado e de ver atendido um direito legítimo seu: o acesso ao Judiciário.
Juliana Goulart.
1 comentario:
Caríssimo Warat:
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Aluízio Amorim
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