24 de mayo de 2013

O anjo...




Warat, o anjo torto



Quando vi Luis Alberto Warat pela primeira vez soube, imediatamente, que nunca mais seria a mesma.Estava diante de um anjo, um raro.


Dele quase tudo já foi dito.E, aqui, não celebrarei a indiscutível contribuição de Warat aos que se dedicam ao estudo do Direito, do poder e da política, em suas intrincadas relações.Cantarei, antes, o amor que tenho pelo viajante que me acolheu e me apresentou outras paisagens, cenários de possibilidades libertárias onde pude perceber com a vida é o espaço de encontros e desencontros com o outro.

Atravessado por uma dor de mundo que, em seu vasto coração se transformou em esperança, e por uma inteligência luminosa que como um raio lhe atingiu sem piedade, Warat é, com certeza, o filósofo do amor. Um profeta de uma futurologia sócio-política que nos faz interrogar sobre o futuro que nos espera.Uma pergunta com a advertência e a angustia de quem espera respostas, não apenas revelação de um problema.Ao contrário, o que Warat sempre desejou foi a busca dos sinais do futuro.Seu pensar enraizado num humanismo libertário, amante da heterodoxia e da diversidade, nos presenteia com uma concepção da complexidade das relações humanas que apontam para o sentido da vida como aposta no amor contra a morte.

Já, sua prática, reflexo de sua alma inquieta, faz dele um missionário que alimentou o crescer das pessoas em dignidade, autoconhecimento, autonomia e no reconhecimento e afirmação dos seus direitos à diferença. Com Warat, aprendi que a experiência de resistência e de luta contra todas as formas de dogmatismo revela uma cidadania das singularidades, um exercício de vida que é um laboratório onde, entre acertos e erros, os novos movimentos sociais de oposição à subjetividade dominante configuram uma rede dialética que anuncia a emergência autônoma e original de novas maneiras de organização coletiva.


A angústia que o estimulou na busca dos sinais do futuro que emergem no processo de transformações profundas que atravessa todas as instâncias da vida, revela um homem em devir constante que questionou toda a realidade construída socialmente pela modernidade.

Warat, pedagogo da esperança, ser iluminado e que contagiou a todos que tiveram o privilégio de sua interlocução, que apostou, com todas as suas forças, na pulsão da vida na sua guerra contra nossas próprias tendências destrutivas, é o cartógrafo da emancipação que nos indicou o sentido ecológico do político, como predomínio de uma prática política de amor sobre todas as práticas de poder derivadas das pulsões destrutivas.
Para Warat, apostar na vida é articular três instâncias da realidade:a ecologia, a cidadania e a subjetividade.Uma articulação capaz de compreender um magma de sentidos que compreendem transformações fundamentais e que precisam ser operadas para garantir nosso futuro, comprometendo todos nós com a preservação da existência em todas as suas manifestações.

Como filosofo da crise civilizatória que atravessamos, Warat afirmou uma autonomia centrada na alteridade através de um processo de precipitação de revoluções moleculares do sistema de valores existenciais que se ideveria se infiltrar, em rede, por todo tecido social.

O direito ao amanhã, em Warat, é assim, um trabalho cartográfico sobre o desejo, como núcleo impulsor do devir das autonomias. Um fala sobre a vontade de viver, de criar, de amar e de inventar uma nova sociedade.É desse anjo que falo e a quem recorro, cotidianamente, para continuar a trilha do amor que aporta o sentido da vida.


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