“A importância atual do Holocausto está na lição que ele traz para toda a humanidade.
A lição do Holocausto é a facilidade com que a maioria das pessoas, colocadas numa situação em que não existe boa escolha ou que a torna muito cara, arranja uma justificativa para escapar ao dever moral (...) adotando em vez disso os preceitos do interesse racional e da autopreservação (...) O mal pode fazer o trabalho sujo, apostando que a maioria das pessoas a maior parte do tempo evita fazer coisas imprudentes e temerárias – como resistir ao mal, por exemplo.
E há uma outra lição do Holocausto, de não menos importância. Se a primeira lição é um alerta, a segunda é uma esperança...
Esta segunda lição nos diz que colocar a autopreservação acima do dever moral não é algo de modo nenhum predeterminado, inevitável e inelutável. Podemos ser pressionados a fazê-lo, mas não somos forçados a isso, de maneira que não se pode de fato jogar a responsabilidade da ação nos que pressionaram para tal.
Não importa quantas pessoas optaram pelo dever moral acima da racionalidade da autopreservação – o que realmente importa é que alguns fizeram essa opção. (...) O testemunho dos poucos que resistiram desmantela a autoridade lógica da autopreservação – ele revela afinal do que se trata: de uma escolha”.
Não importa quantas pessoas optaram pelo dever moral acima da racionalidade da autopreservação – o que realmente importa é que alguns fizeram essa opção. (...) O testemunho dos poucos que resistiram desmantela a autoridade lógica da autopreservação – ele revela afinal do que se trata: de uma escolha”.
Bauman – "Modernidade e Holocausto", p.236
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1 comentario:
Escolhas difíceis, mas necessárias.
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