21 de marzo de 2010

Carto de Albano II


Caro mio

Como foi importante haveres conversado comigo há poucos dias. Me aliviou a alma escutar tua voz amiga. Como sabes, no plano sublunar as noites são sucedidas pelas manhãs e o escuro cede ao claro, ao solar.

Creio que estás a atravessar uma longa noite, dolorosa e aparentemente sem sentido, no entanto viver é estar inc luso num universo de sentidos que nem sempre somos capazes de apreender, de compreender. Viver não é uma inutilidade, uma mera casualidade. A vida cósmica da qual nos originamos (lembre-se que somos frutos dos elementais de quem os alquimistas muito se aproximaram) traz consigo sentidos ao Caos que nos dá origem, a todos nós, a todas as formas de existência, das larvas vulcânicas aos seres humanos, das galaxias aos míseros planetas (como é o caso de Gaia, nossa morada planetária). Tudo tem sentido no não sentido, visto que nossa compreensão é limitada.

Creio que é chegada a hora de seres aquela águia da tua metáfora, estás no cume das mais altas montanhas graças ao teu amor pela vida, com o preço de haveres esquecido da tua morada primeva: teu corpo. Este é um preço, como tantos outros por havermos nascido da espécie humana, este é o nosso legado, nosso único legado.Nossos legatários são todos os humanos que existiram, que existem e que venha m a existir. Poucos alcançam o cume, o limite; você alcançou, retirou os véus que encobrem o real, desvelou a realidade, isto tem um preço, saibas recepciona-lo como também saibas paga-lo.

Chegou o momento de arrancar as penas que permitiam o vôo livre, de quebrar o bico que sempre penetrou no Real. É chegado o momento de quietamente e humildemente libertar-se daquilo que foi tua liberdade circunstancial. Creio que, pacientemente deves deixar que novas penas emplumem teu corpo e que um novo bico surja. Nunca será como dantes, pois momento passado é momento passado.

A Natureza Mãe te oferece este novo movimento, quem sabe da borboleta no seu grande momento mutacional. Fique quieto, não esbreveje, não condene, não se arrependa, aceite-se simplesmente com as limitações que te são impostas (outras aconteceram e talvez nem tenhas percebido).

Casualmente escuto a Ave Maria de Gounold, algo trasncendente que alguém materializou para eternizar um momento dest e ser humano, pequeno e miserável no mais das vezes, no entanto, a Natureza recepcionou algo da sua criação como equilibrio estético e amoroso, creia nisto, pois sempre acreditasses que o AMOR nos redimiria, a todos, nos redimiria desta pobre condição humana.

Tens uma missão, missão que decidiste como tua, única e portanto solitária (Zaratustra, Cristo, Buda, homens que sabiam que não seriam escutados enquanto falassem, apenas depois quando a palavra virasse ruído, som universal). Não te queixes das limitações, sempre as tiveste, apenas estas são mais incidentes, mais fortes. Sei que podes...
Te amo

Albano

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