O SHOW DE TRUMAN E DE TODOS NÓS
23/11/09
O show de Truman e de todos nós
Albano Pêpe – roteirista ou protagonista?
O mundo televisivo contemporâneo tem um “espaço nobre” em suas programações dedicado aos “reality show”, um fenômeno que atravessa a maioria dos países ocidentais (inclusive, é claro, o Brasil). Tais programas significam uma evolução estratégica na agenda apresentada ao telespectador voltado para as novelas e as os seriados, ou seja, a grande maioria da população que busca dar vazão aos sentimentos e emoções reprimidos, e que assim também aquietam seus corpos desprovidos de sentido.
Meus pensamentos voltam-se neste sentido para o filme “O show de Truman”, cujo roteiro apresenta aquilo que poderia ser chamado do maior “reality show” jamais imaginado. Pensemos uma pequena cidade construída dentro de um imenso bunker isolado do resto do mundo, uma redoma que simula as estações do ano, os dias e as noites. Uma cidade onde seus habitantes sabiam serem personagens deste grande circo montado para acompanhar o nascimento e a evolução de uma única pessoa, no caso Truman, personagem central que desconhecia viver um “reality show” televisionado para o mundo ocidental 24 horas ininterruptamente. Assim como em todos os programas do gênero, a população desempenhava papéis para a realização do “mundo real” vivido por Truman. Pais, amigos, namoradas, esposa, todos meros personagens coadjuvantes na vida de alguém que se pensava vivendo a “realidade”. A propaganda subliminar dos produtos consumidos no dia a dia por ele (o café proferido, o chocolate, a cerveja, a arquitetura dos imóveis do bairro, a marca do automóvel, da bicicleta, garantiam os lucros astronômicos nos trinta anos do de existência da vida “programada” de Truman. O idealizador do programa o sentia como a um filho, por ele inventado e que podia ser destruído quando não mais interessasse, era um “deus ex machina”.
Temos, creio eu, muito em comum com Truman, os moradores da cidade, os investidores e a direção do programa, mais do que gostaríamos de ter, disso tenho certeza.
Como atores sociais que somos, sabemos das simulações por nós criadas quando visamos alcançar algumas metas, ou “se dar bem” como se diz comumente. Para aquelas pessoas que interpretamos papéis (de filhos, de amigos, de amantes, de profissionais responsáveis, enfim, de cidadãos corretos), as vemos como Trumans da vida, pois temos que desempenhar junto a elas, com absoluta convicção os personagens indicados para cada situação, senão somos alijados do elenco de atores, substituídos simplesmente. Por exemplo no caso do Truman: a atriz que fazia o papel de esposa não suportava mais cumprir o enredo, sem problemas, uma outra atriz surgirá para ser a segunda esposa. Lembremo-nos que as emoções e os sentimentos são facilmente manipuláveis, notadamente quando os cachês são compensadores. Importa é que o Truman não perceba a farsa vivida, pois o show tem que continuar.
De quantos “reality show” participamos ao longo de nossas vidas e de quantos ainda iremos participar? A pergunta que deixo no ar: quando somos Truman e quando somos atores coadjuvantes desta breve trama a que reduzimos a Vida?
1 comentario:
Un ejemplo fantastico de reality show(salvando las distancias)es la CASA WARAT y su carro jefe los cafes filosoficos,se dicen tantas cosas y se escriben tantas fantasias que parece verdade,lo bueno es que eso que llaman de surrealista es una enorme justificativa para el monte de incoerencias.WARAT esta cada vez mas parecido con LULA.Dice una cosa y faz otra.Es un genio.
jorgecaliel@hotmail.com
Un abrazo
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