20 de septiembre de 2009

Diálogos entre dos patafísicos

Hoje, para sempre

Tal alcoólico anônimo, tenho acordado todos os dias me prometendo algo para assim começar o dia, meu dia.
Hoje, assim o fiz, mas com uma pequena sutileza: hoje passa a ser a permanência, um hoje que é pleno de ontens e amanhãs. Um hoje que sai definitivamente do tempo sub-lunar e adentra humildemente no tempo cósmico, no que é, sem calendários, sem relógios, sem anos-luz. Tempo sem tempo, tão somente alvoreceres e crepúsculos. Iguais enquanto imagens cósmicas que projetam-se em Gaia.
Passo a assumir o argonauta que navega a bordo de uma nave nomeada Terra, condenada à eternidade, condenada a navegar no abismal Cósmico.
Desprovida de portos, de ancoradouros, de âncoras, de chegadas e de partidas. Sem margens a vislumbrar, sem praias a aportar, sem "terra à vista".
Tão somente o absoluto que a tudo contêm. Sentindo a sinfonia harmônica orquestrada pelo continuum dos outros corpos celestes que também se dirigem ao NADA, ao Caos, nem ordem nem desordem, apenas o abismal que não tem rotas, caminhos ou sentido. Só a plenitude do que EXISTE.
Daí minha existência, emergindo enquanto força vital, das forças vitais que me deram origem, num átimo do tempo sem tempo. Sou sua expressão assim como todos os entes que tomam e tomaram formas, humanas ou inumanas, não importa.
Sou sonho porque sonho. Sou fantasia pois fantasia. Sou amor pois amor. Sou...
Não mais me prometer este dia, datado fechado, sincronizado pelas heteronomias produzidas perversamente pelos da minha espécie. Sujeitos assujeitados a servidões voluntárias que se justificam pelos espasmos do medo de viver, simplesmente, assim como fomos concebidos a partir de um esperma aleatório que ao lado de um ôvo também aleatório, deu-nos existência formatada nos corpos que habitamos. Corpos como tanto outros corpos, sem sentido no tempo sub-lunar, no entanto, pleno do devir cósmico. Energia que tomou forma, uma forma dentre tantas outras. Forma que se transforma, que mimetiza-se, sempre, para sempre, como numa condenação que devemos esteticamente contemplar e existenciar. Isto sou eu, somos nós. Os que dizem que falam e escrevem, e os que nada dizem, apenas vivem numa harmonia cósmica com suas habitações provisórias, com corpos provisórios criados pela energia da qual fazemos parte, da qual somos.
Para mim não existe mais o amanhã, nem o ontem como lembrança. Apenas o hoje que contêm absolutamente meu nome: ALBANO

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