18 de septiembre de 2009

Diálogos patafísicos con Warat

Durmo físico, sonho metafísico, acordo patafísico.

Warat, este texto foi escrito inicialmente no teu fotolog sobre minha condição patafísica.

Durmo físico, sonho metafísico, acordo patafísico.

No físico, a âncora frágil e falsa, nenhuma segurança do que está escrito na garantia de uso (seguro de vida, de carro, de casa, de saúde), ou de tempo de uso. Quantos anos, quantos meses? O prazo de validade está escrito em hieróglifos. Sem órgãos de defesa do consumidor para apelar juridicamente o direito à eternidade.

No metafísico, ontologias teológicas fundamentalistas (e a salvação, existe, não existe? Ou apenas o Armagedon?), ou existenciais, se sou existo, se não sou, fui? (Os santos Descartes e Kant foram imprecisos!)
No patafísico, a nomeação amorosa de um amigo que és e que tenta em vão me recuperar para um lugar sem lugares, mas existente, embora que não exista. As contradições, sinceramente me intrigam e apaixonam!
Desancorado, aliás, melhor ainda, desconhecedor de âncoras (para mim são meros adereços nas boinas dos marinheiros), sigo à deriva, ao léu, "palhaço sem papel", muitas vezes recolhido pelo teu olhar amoroso e amigo. Se patafísico sou, preciso ser-me apresentado, pois, repetindo o poeta: "quem sou, não sei. Quem fui, morri-o".

Querido amigo, sinto-me momentaneamente (momento desprovido de temporalidade) resgatado por ti. Mas tenho que te dizer, por amor e por sinceridade, logo voltarei a navegar à deriva, este é meu desiderato, o desiderato que me dei. “Sem choro, nem vela, apenas uma camisa amarela gravada com o nome d’Ela.

Desconfio que as nomeações não conseguem me reter, pois não correspondo a elas, sou um fracasso que os “amigos tentam decifrar nas noites de luar”. Até mesmo aquelas que me deixem feliz. Penso-me às vezes, vivendo-sendo as borboletas de Cortazar: nem fama nem cronópio. Tão somente dançando na chuva ou numa tempestade de granizo.

Esta é uma narrativa que faço sobre a condição patafísica, sedutora, magistral. Na leitura que dela o fazes, assim como das associações descritas, simplesmente geniais. Consegues implodir a lógica que herdamos desde os gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles, a santíssima trindade da razão grega que dá origem à grande árvore do conhecimento racional, árvore desprovida de rizomas que gerou uma maçã bichada e podre).

Bem vinda a horda dos patafísicos, entre os quais és um arauto. Que os marujos retirem dos ouvidos os tampões impostos por Ulisses em sua suprema covardia e escutem os cantos das sereias narrados pelos patafísicos e que mergulhem nas águas profundas por elas habitadas. Talvez assim, eles e seus herdeiros, conheçam seus corpos desejantes e desejáveis (os seus e os delas) sem interditos, sem culpas, sem castrações.
Continua chovendo ininterruptamente. Vejo no horizonte a aproximação de uma imensa nave, deve ser a Arca de Noé, deve ser. “La nave va”, diria, fellinianamente.

A ramagem continua a expandir-se sem direções previsíveis, levada por intuições, “porque o amor nem mais existe”. Definitivamente a espécie vaga desarrumadamente, pés na lama e um olhar amedrontado para a abóbada celeste. Nomes são dados aos eventos naturais: tsunamis, terremotos, maremotos, ciclones, como que para fetichizá-los, como que para dominá-los. Na falta de tal poder, que as velas sejam acesas e as rezadeiras convocadas, assim como os metereologistas e suas previsões.

Os bravos guerreiros gauleses, se não me engano, temiam, não os romanos, apenas que o céu lhes caísse nas cabeças. Mas, chova ou faça sol, a espécie continua vagando, vagalumes das luzes de neón.
Sem transmissões televisivas com suas novelas, com seus silvios santos, com seus telejornais, pode ser que os vizinhos se cumprimentem, assim como os pais e os filhos, que cadeiras sejam colocadas nas calçadas, pode ser... eis o começo de uma microrevolução. Enfim, nem tudo está perdido, resta a esperança.
Até a próxima.

Albano

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