5. Palavras finais
Autores: Eduardo Gonçalves Rocha e Marcia Cristina Puydinger de Fazio
A proposta waratiana não está associada ao convencimento de multidões, mas à abertura ao “outro”, que nos constitui e nos modifica. Mais que um fim em si, o “outro” é necessário para a minha existência! E a arte? A arte é instrumentalizada como um campo que permite a transgressão, a mudança de lugares e o questionamento de sentidos. Warat nos desafia a nos reinventarmos constantemente buscando novos sentidos para o eu, para o “outro”, para o “entre-nos”, e para o mundo.
Por fim, apesar de já ser possível aos leitores compreender a íntima relação entre as ideias waratianas e a extensão, cabe levantar uma nova indagação: qual a importância da “sensibilidade” para a “extensão”?
A resposta não será aqui apresentada! Não por já estarmos concluindo o texto, o que seria facilmente resolvido, pois bastaria reiniciá-lo, mas porque ela não é única, e será contemplada, em sua multiplicidade, pelos artigos que compõem esta revista.
Apenas podemos adiantar, a título de provocação, que um caminho foi indicado por Barthes, em sua aula inaugural no Colégio da França. Ou seja, há a idade em que se ensina o que se sabe, em seguida, há aquela em que se ensina o que não se sabe, isto é, a pesquisa. E então, vem a idade da sapientia, que é a do desaprender. É a entrega ao imprevisível imposto pelo esquecimento, quando se assume a importância do não lembrado53. A extensão está associada a essa terceira fase, pois envolve o lançar-se no jogo imprevisível do constituir-se com o outro, e só se obtém sucesso quando as partes envolvidas assumem o desafio de construírem-se conjuntamente. Processo intimamente relacionado ao “esquecimento” de pressupostos, teorias, experiências, para que se possa sair do lugar e caminhar; desaprender antigas escutas, olhares, para, então, reaprender.
A extensão sempre foi o local esquecido pela academia, e talvez seja essa uma das principais razões para ter-se mantido como espaço privilegiado para atitudes críticas, marginais e transgressoras. Fórmulas ou caminhos certos não a amarraram. Ela deve deixar o incomodo espaço do não-lembrado, mas permanecer como campo do desaprender, pois sua riqueza está em ser um “não-lugar”, que só se constitui, para em seguida novamente desaparecer, na imprevisibilidade da entrega proporcionada pela sensibilidade.
Artigo inicialmente publicado na Revista Direito e Sensibilidade
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