Respondendo a essa pergunta, waratianos do Brasil inteiro atravessaram o sarau de encerramento do III Encontro Internacional da Casa Warat, em Goiás!!
Waratiano, qual a sua sina?
"Caminhar."
Milena Pinheiro, waratiana do Piauí, de Brasília...
"Minha sina é navegar ventos de poesia."
Alexandre Araújo, waratiano de Brasília.
"Minha sina é azul. Às vezes, turquesa; às vezes petróleo. Azul que muda de tom como os dias. Os dias também mudam de tom. Minha sina é misturada. Como os sons são misturados, mas são, também, completamente discerníveis pra quem sabe ouvir".
Fernanda Rezek, waratiana de Goiás.
"A minha é procurar a sina sempre. E a sua?"
Lala Maranhão, waratiana do Maranhão, de Brasília...
"A minha é viver as tensões postas pelos limites da sociedade."
Fabiana, waratina de São Paulo, de Goiás...
"A de abrandar estas pedras da academia cínica, a de tentar despertar os pinguins entorpecidos, a de querer arrancar a gravata e o terno cinza..."
João Telésforo, waratiano do Rio Grande do Norte, de Brasília...
"Estar entre o nada e algum lugar, uma viagem sem volta e sem destino..."
Dani Diniz, waratina do mundo...
“Jurado para morrer de amor"
Augusto, waratino de São Paulo, de Goiás...
“Algumas vezes a angústia nos inspirava. Aprendi com Lacan e Warat que a angústia era um sentimento que não enganava. Com ela e a partir dela se podia pensar o mundo, desde uma mirada que não excluía as demais. Havia sempre duas leituras possíveis e uma delas era uma leitura desapaixonada do amor. Uma leitura em que Vadinho era relegado à condição de refugo, quem sabe de um período próprio do calendário gregoriano: o carnaval. Porém, com Warat aprendemos que o carnaval não é uma data precisa e que a inspiração de saber dos limites, dos excessos e da possibilidade de reconhecer um simbólico existente, mas de conteúdo variado não era privilégio de surrealistas. Era uma possibilidade de enunciação em que poucos, todavia, arriscavam-se. Arriscar-se para amar o que pudesse acontecer. Borges de um lado como uma inspiração e de outro como um homem que submeteu o desejo (e a película os Amores de Borges mostra) à castração de uma mãe que amava demais. Talvez seja o dilema de todos os muito amados por suas mães e que não souberam fazer a sutura necessária para que o filho pudesse amar. Aí reside um trabalho que o filho sozinho não pode fazer. Vaga de amor em amor procurando o que não sabe. E a angústia não engana. Novamente. Warat faz falta porque nos sorria monalisamente. Do seu sorriso preenchíamos o que podíamos. O seu sorriso ficou. A angústia também. Angustiados e apaixonados. Seduzidos por objetos. O sorriso e a angústia de Warat nos fazem falta, embora com ele tenhamos apreendido que o objeto de amor precisava ir e voltar, como ele fazia, em cada um de nós. Se foi para não voltar, dizem uns. Entretanto ele não foi, mas ficou carnavalizando nossas vidas desgraçadas, de amor. Saudades Luis.”
Alexandre da Rosa, waratiano de Florianópolis/SC
A primeira vez que ouvi falar do professor Warat foi através de outro professor, Alexandre Da Maia, que me passou um "link" para o mundo Waratiano. Interessante que sempre busquei uma "carnavalização" do direito, tanto que os versos de "Madeira que cupim não rói" (Capiba - compositor de frevo e bacharel em direito), cantava com distinção ("queiram ou não queiram os juízes o nosso bloco é de fato campeão"), era como se eu quisesse afirmar: não me acomodarei ao mundo jurídico formal! Assim, seguindo o desejo de confluir a arte com o direito pensava até que estava sozinha nesta caminhada... mas para minha surpresa encontro vocês, amigos waratianos!
Hoje tenho o primeiro exemplar que consegui comprar pela internet, A Rua Grita Dionísio!, moro no sertão pernambucano, ensino direito no curso de administração como professora bolsista, tento entrar no mestrado da UFPB como aluna efetiva e quem sabe trabalhar com o pensamento Waratiano!
Bem, concluo agradecendo a Carmela Grune, que através do Jornal Estado de Direito me fez conhecer um pouco do pensamento de Warat através dos textos dele de seus "pedacinhos" ainda vivos e ativos neste mundo!
Synara de Araújo, waratiana de Salgueiro/PE
Há semanas que “Epistemologia e Ensino do Direito” está despropositadamente em cima de minha mesa. Quando eu sentava, olhava a todos os outros livros, menos esse. Porém, quando eu passava os olhos rapidamente, via apenas o olhar sonhador, pensativo, duvidoso, crítico estampado na capa do livro. Hoje parei e olhei apenas para ele, sem pensar nos outros que estão sobre a mesa. Recordei do que Jaque me pediu e do que lhe falei e, mesmo tarde, não poderia deixar de compartilhar o impacto que Warat causou nas minhas mais diversas relações com o mundo. Com o mundo dos sonhos, com o mundo real, enfim, com o mundo das pessoas, em que o amor é tomado por baixo, como pressuposto. Luis fala(va) de amor, de desejo, de alteridade como sentidos e sentimentos que representam o que nos é natural e o que não pode ser abandonado, sequer nos pensamentos. Não. Não pense que nos tornamos seguidores desmedidos de Warat. As palavras desse homem que impactou a minha cabeça não são meras pregações, são críticas de um rigor teórico distinto, embebidas numa sutil acidez que as tornam elegantes e que realmente apaixonam, talvez principalmente as mulheres (de Warat). E o direito? Certo dia vieram me dizer que Warat é desconexo com o direito. Realmente. Não existe uma conexão necessária entre os dois. Porém, existe uma aproximação que é pressuposto de toda a fala de Luis. Sua linha de pensamento gira em torno de um eixo, que é o direito. Esse é o ponto de partida e, por mais alto e longe que voe, também é o ponto de chegada. No meu íntimo e pelo que conheço da obra, sinto em cada manifestação que a preocupação maior é com a sociedade, com as pessoas em si e de que forma essa inquietação pode ser transportada para o campo jurídico. Não é tarefa fácil. Podíamos simplesmente seguir a linha dos tradicionais “doutrinadores” e pensar a sociedade como nosso cliente principal, como um fato que nos serve de objeto de estudo. Só que isso não é possível, aliás, é de toda maneira impossível. Primeiro, porque o termo “doutrina” traz uma sensação de aprisionamento, ou seja, remete a um texto fechado, que só se abre para atualizações e não para as verdadeiras mudanças; e segundo, mais relevante talvez, porque a sociedade está longe de ser considerada nossa cliente, nada mais somos do que partes dela e ela parte de nós. Temos que refletir a partir do lugar em que nos encontramos e não a partir de um ponto de vista que colocamos necessariamente como externo e desvinculado do direito, isso seria uma verdadeira falácia. Da mesma forma, é preciso estar aberto ao outro, ao desconhecido e recebê-lo sem idealizá-lo, isso sim é importante. Talvez seja a partir disso que devamos repensar as nossas bases e sempre questioná-las sobre fundamentos diversos para que não se torne estática e intocável. Aliás, o toque, o toque muda tudo, ele nos mostra como uma palavra e uma pessoa podem ser tão sensíveis. Deixemo-nos tocar e ser tocados. Toquem-se agora e sintam que são todos sensíveis e que podem sentir o outro. Leiam um texto diferente e sintam que suas bases são tão sensíveis quanto sua pele. Essa filosofia waratiana realmente me excita e acho que vocês, se ainda não se sentem estimulados, sentir-se-ão no Cabaret que os aguarda em breve (risos). Só tenho a dizer que aproveitem esse momento, porque isso não se compra, apenas e apenas se vive. Tenho certeza que essa experiência nunca será apagada de suas memórias... assim aconteceu comigo.
Saudações a todos os meus amigos e aos que ainda não conheço, mas que se aproximam.
PS: “Estou pronto como um eterno viajante que parte e volta sem nunca ficar, para amar e continuar disponível para a vida”. Luis Alberto Warat, em Amor tomado pelo amor.
Isabela Borba, waratiana de Florianópolis/SC.
1 comentario:
"Minha sina é batucar para corpos e mentes num ritmo revolucinário" NETO, companheiro de Goiânia e Goiás.
"Minha sina é servir a quem tem sede" Stênio, dono do bar, com a melhor da noite.
"Minha sina é, antes de mais nada, ser povo e lutar por nós" Jordana
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