Impressões algo esparramadas e coletivamente cartografadas acerca do III Encontro Internacional da Casa Warat
Sábado de muito sol. Goiás, em Goiás. Um casamento entre um mestre de capoeira e uma italiana. Cidade colonial, igreja católica, frei dominicano negro e pai de santo branco. Tambores, carnaval. Encontro de afetos, esperanças e potencialidades. Espaço para começar, criar, entender e sentir o que nos une. Sinergia. Encontro para nos encontrarmos. Juntos. Um brinde ao que esperamos, ao que nos espera e ao inesperado. Prazer enorme receber todos na minha, agora, nossa Casa, Vila Boa. Construir o rizoma. Fazer nevar no paralelo tropical. Usar o direito, a arte, para gozar uma noite de mutamba e empadão. Fomos à casa da luz vermelha escutar tambores (que nos aqueceram). O ápice da embriaguez aconteceu quando subimos o morro, onde dançamos tangorró – modalidade waratiana de dança, que é sonorizada pela música popular brasileira e dançada com a sensualidade argentina. Cidade romântica, que nos embriaga e nos conduz ao lúdico, ao inesperado. Pensamentos soltos e a vontade de sentir, acima de todas as outras coisas. Sentir; permitir; juntos construir.
Goiás, 12.11.2011
Olhos vendados e outros sentidos aguçados, o contato com o outro e a emoção de se redescobrir. Foi o que fizemos hoje e o que devíamos treinar mais vezes, sentir com mais frequência. O desenho, a música, os pés descalços, a razão e a sensibilidade.
Segundo dia. A redescoberta do outro. O toque como fundamento para a corporeidade, para a alteridade. Aromas, respiração, contato. Uma micro-revolução dos sentidos. A afetação estética. O desejo de conhecer. E, afinal, todos juntos.
Meu primeiro dia. Estimulante, inquietante e inovador, como sempre.
Liberdade do corpo, da mente e da alma. Consciência do corpo, da mente e da alma. E do Outro. E de que esses atravessamentos pelo Outro constituem o meu Eu. Sensação de felicidade, de companhia. Troca de energias carnavalizadas.
A discussão essencialmente teórica sobre a casa warat foi, ao meu ver, necessária. Esses espaços de auto-análise e auto-crítica são fundamentais para que o foco seja mantido e para que as ideias se renovem.
Segundo dia, profundidade, relações, corpos. Olhos vendados. Amanhã acabará, já sinto falta. Besteira pensar isso, é inadmitir o presente, a angústia da despedida. Afetividades, o nosso encontro já foi isso.
Goiás, 13.11.2011
E do terceiro dia ninguém falou...
Talvez porque, sobre emoções, pouco possa ser ditto.
A casa warat sente-se, punto y basta.
Goiás, 14.11.2011
2 comentarios:
pés descalços, sentidos aguçados, magìa... diario de emoções o invisible è possible!
Nossa, escrito assim, como diário coletivo, o encontro ficou muito mais real pra mim! A lembrança que parece sonho dispertou. Saudades, ainda.
Jordana.
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