Foi publicado em 2007 o livro "Poemas de Guantánamo: os prisioneiros falam", que reune 22 poemas de 17 prisioneiros de Guantánamo. Poesias fortes que servem para pensar o paradoxo que está imerso o discurso de direitos...
Eduardo Rocha (Casa Warat Goiás)
Poema da Morte
Jumah al Dossari*
Tome meu sangue
Tome minha mortalha e
Os restos de meu corpo.
Tire fotografias de meu cadáver no túmulo,
solitário.
Mostre-os ao mundo,
Aos juízes e
Às pessoas de consciência,
Mostre-os aos homens de princípio e os
justos
E deixe-os sentir o peso da culpa diante
do mundo,
Dessa alma inocente.
Deixe-os sentir o peso diante de suas
crianças e diante da história
Desta alma estragada, sem pecados,
Desta alma que sofreu nas mãos
dos 'protetores da paz'.
Tome minha mortalha e
Os restos de meu corpo.
Tire fotografias de meu cadáver no túmulo,
solitário.
Mostre-os ao mundo,
Aos juízes e
Às pessoas de consciência,
Mostre-os aos homens de princípio e os
justos
E deixe-os sentir o peso da culpa diante
do mundo,
Dessa alma inocente.
Deixe-os sentir o peso diante de suas
crianças e diante da história
Desta alma estragada, sem pecados,
Desta alma que sofreu nas mãos
dos 'protetores da paz'.
*Jumah al Dossari, é um prisioneiro de 33 anos do Bahrain, que está em Guantánamo há mais de cinco – desde 2003 em regime solitário. Autoridades americanas dizem que ele já tentou o suicídio 12 vezes desde que foi preso
É VERDADE?
Por Usama Abu Kabir
Depois da chuva, voltou a crescer a erva?
Voltarão as flores a levantar-se na Primavera?
É verdade que os pássaros regressarão a casa?
E o salmão voltará a subir contra a corrente?
É verdade. Isto é verdade. E são verdadeiros milagres.
Mas é verdade que um dia deixaremos a Baía de Guantánamo?
É verdade que nesse dia voltaremos a casa?
Sonhando com a minha casa, em sonhos faço-me ao mar.
Para estar com os meus filhos, cada um é parte de mim;
para estar com a minha mulher e com aqueles que amo;
para estar com os meus pais, os corações mais ternos do mundo.
Sonho que estou em casa, livre desta jaula.
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