ETERNOS RETORNOS2/12/09
Devires, movimentos descontinuos que resgatam um corpo nômade que confunde-se com tantos outros corpos, nômades talvez. Caminho como sempre, estrangeiro entre estranhos, atravessando ruas que emolduram fragmentos de momentos outros, acontecidos, acontecendo. Memórias coletivas que oscilam dialeticamente entre o esquecimento e a lembrança, tão singulares, tão plurais. Atravesso pontes que são atravessadas por águas nas quais não me banharei duas vezes, pois no rio Capibaribe que deságua no Oceano Atlântico apenas o devir, o vir-a-ser das águas barrentas confundindo-se com as águas azuis-esverdeadas. O porto de Recife na ilha tendo ao largo seus arrecifes recepciona os devires do rio-mar, do mar-rio, daí surge a maré, alquimia das águas que banham as ilhas desta cidade-palco-cênico das lembranças resgatadas das forças subterrâneas que emergem e submergem. Recife Antigo, da rua da Guia (antigo lupanário), da rua do Bom Jesus, onde o casario abriga a primeira sinagoga das Américas (1632), a rua dos judeus onde vozes de quatro séculos preenchem os rebocos caidos, os vãos dos paralelepípedos do piso sinuoso e ancestral, como rugas fossem. Lembranças e esquecimentos que vem e que vão com os transeuntes com quem me confundo, sem identidades a resgatar, apenas sendo como tantos são anonimamente.
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