31 de julio de 2009

Um homem morto.


Caiu morto no topo da rua. Chovia.
Caiu morto, tinha um buraco no peito. Um buraco no coração.
E chovia.
O sangue, que escorreu da ferida, começou a descer pela rua.
Misturado com a água da chuva, escorria.
Seus olhos estavam arregalados.
E da boca caiu um risco de sangue.
Morreu de olhos abertos. De frente pra vida, olhando pra cima.
Morreu de boca aberta. Do grito de dor que sentiu.
Morreu com uma ferida no peito, escancarando no corpo a agonia que sempre lhe acompanhou.
Chovia, o sangue escorreu até o fim da rua, misturado na água perdeu o vermelho intenso.
Ele era vermelho intenso, por dentro e não sabia.
E quem passava no fim da rua não notou que na água da chuva havia sangue.
Quem lá passou não soube que no topo da rua morreu alguém, que sempre buscou em vida, o que a morte lhe deu.
Ele que sempre desejou, pelo menos no início, antes de abater-se, olhar a vida de frente, ter direito ao grito, ver reconhecida sua dor.Dor que agora sangrava.Mas quem passava no fim da rua não sabia que a água da chuva pode apagar a dor de um homem.


Extraído del blog de Andréa Beheregaray
http://wunschelrute.blogspot.com/

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