13 de julio de 2009

O nascimento das ciências da natureza e a morte da Alquimia

Definitivamente Warat não somos modernos. Posto que a modernidade implica na tácita aceitação de que tão somente os saberes que trazem consigo o selo de qualidade da Razão Instrumental podem e devem ser consumidos, Não fomos (ainda) reduzidos à condição de mercadorias). Não somos modernos porque sabemos da capacidade alquímica de todos os que sentem a pulsação vital da natureza e a tomam como sentido primordial para a existência. Não somos modernos, porque reconhecemos a modernidade dos modernos tão somente na produção dos artefatos tecno-científicos que nos servem de próteses tipo “leitos de Procusto”. Não somos modernos porque aceitamos a evolução das modernas ciências naturais (física, química, biologia, cibernética, genética, Et catervas), sem com isto renunciarmos aos saberes milenares desenvolvidos pela Alquimia, fundada no intimo convívio do humano com os elementos naturais, presentes na composição do Universo, assim como dos nosso corpos físicos.

De fato, a modernidade a partir das pesquisas desenvolvidas em laboratórios “científicos” e do desenvolvimento de uma teoria “científica” do Estado, jogou na lixeira do esquecimento os saberes acumulados pela humanidade ao longo de milênios. Dentre eles, aqueles desenvolvidos pelos alquimistas. Daí, a morte da Alquimia decretada pelos modernos. Morte pelo esquecimento dos ensinamentos dos Mestres da magia, da alquimia. Condenados à irracionalidade, tais saberes não mais foram praticados, não mais foram pensados, não mais foram anunciados, pois condenados estavam ao esquecimento. Pesquisas em torno da Pedra Filosofal, da transmutação dos metais, do intimo convívio da magia com as experiências alquímicas não mais eram possíveis no mundo moderno que tinha seus fundamentos estabelecidos na pura racionalidade. Os modernos inquisidores (leia-se cientistas) condenaram ao opróbrio, à condição abjeta e vergonhosa todos aqueles que praticavam quaisquer tipos de estudos ou pesquisas que não tivessem a chancela de seus comitês científicos (tais comitês devem ter sido os precursores da CAPES, do CNPQ, etcetera), dentre eles, é claro, os alquimistas.

Definitivamente não somos modernos, porque sabemos da evolução do processo civilizatório baseado na produção de objetos responsáveis pela ordem e pelo progresso destes mesmos objetos, mas não pela criação de novos humanos. Poderíamos ser modernos se os clones humanos fossem uma realidade, se fossemos gerações de ciborgues, se convivêssemos com replicantes que nos foram apresentados em Blade Runner, se fossemos seres desprovidos de DNA.

Somos os mesmos humanos ancestrais, há pelo menos cinquenta mil anos ( Raul Seixas que afirmava haver nascido há dez mil anos atrás) de evolução enquanto uma espécie, homo sapiens sapiens. Da evolução histórica dos costumes, que nada tem a ver com a imposição deste processo civilizatório moderno que se afirma detentor dos bens culturais da humanidade. Nunca é demais lembrar Benjamin ao afirmar que “nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie”. A destruição da memória dos povos é o legado imposto pela modernidade ancorada na racionalidade científica e técnica. Não somos modernos porque sabemos que não fomos forjados pelas revoluções industriais. Sabemos que não somos objetos produzidos em massa, que, tornados obsoletos são constantemente renovados ou substituídos por outros objetos ditos tecnologicamente mais avançados.

Vivemos na modernidade cientifica,também produtora de híbridos, quase-sujeitos, quase-objetos, mas que é incapaz de reproduzir a Vida em toda sua complexidade. Vivemos na modernidade mas não somos modernos, porque nossos saberes são ancestrais, são milenares, fruto da composição alquímica dos metais elementais em suas relações com os diversos seres vivos, vegetais e animais. Somos a evolução dos três reinos (mineral, vegetal e animal) que está inscrita desde a origem das espécies. Somos filhos de Gaia, a Mãe-Terra. Nem objetos, nem híbridos. Não somos modernos porque trazemos a marca do mistério, do espanto diante da vida que somos, sínteses dos corpos celestiais, sobre os quais se debruçam os alquimistas, os poetas e os loucos em seus devaneios transcendentais, numa busca incessante de respostas que os modernos nunca ousaram pensar.

A modernidade, enquanto produtora dos instrumento da barbárie, jogou nos porões da Inquisição os detentores da sapientia (fundamentada em nenhum poder, um pouco de saber e um pouco de sabedoria) os alquimistas, os magos, os templários, as bruxas e os visionários, em nome do saber-poder-lei, dos novos pilares do desenvolvimentismo, da evolução não-natural, maquínica e desprovida de alma. Esta estreita gaiola de ferro como assim a denominava Weber foi a herança do desencantamento do mundo realizada pelos modernos em seus laboratórios nomeados de cientificos.

Sim Warat, somos alquimistas, você, eu e toda uma legião de humanos espalhados pelo planeta. Veja você, o resultado da convocação feita através dos espaços criados em tuas páginas virtuais (que usam os modernos instrumentos de comunicação enquanto meios colocados ao nosso dispor, nunca como fins). Veja quantos aparecem de tantos lugares, recepcionando a magia ali representada. Sinto uma revolução alquímica no ar -não consigo amar quem não sabe voar!

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