10 de julio de 2009

Nuestros momentos de lobos Respuestas a Warat

Queido amigo
Nada melhor que uma boa provocação para que possamos voltar ao diálogo-repente tão necessário aos desafios (enquanto motes criados pelos desafiantes-trovadores). Antes de tudo, não personifico o flâneur enquanto aquele que vaga tal alma penada pelas galerias parisienses levando sua tartaruga a passear, ao passo da tartaruga é claro. Mas creio que tenho meus momentos de flânerie quando caminho pelos desvãos de min'alma. São momentos em que os amores guardados e que me servem de guias nos momentos de densa neblina me abandonam. Momentos sem eira nem beira onde onde o pensamento vaga tal alma penada em dimensões espaço-temporais nunca apreensíveis, nem pela razão nem pela sensibilidade. Momentos-lobos, quando no topo de uma montanha olhamos para o céu e uivamos, sim uivamos um lamento que não é nosso apenas, é como se fora o lamento da VIDA em sua incomensurabilidade, onde nada se mede, nada se pontua, nada se diz, nada se afirma ou nega, cuja manifestação única é esta que vos falo: solitariamente no sopé de uma montanha, uivar, uivar. Este uivo não deve ser confundido com uma prece, como uma oração, como um apelo desesperado, como um grito de socorro, com uma vontade de morrer. Não, ele é tão somente o lamento da VIDA que nos invade, que nos retira a subjetividade, a consciência de si mesmo, a compreensão da corporalidade e nos remete... a um existir sem existir.

Não sou fisiognomista como eram os conterrâneos de Baudelaire ou de Poe, por isto nunca traçei a personalidade do flâneur parisiense. Apenas a imagem daquele que na multidão se misturava, se esquivava dos esbarrões, que precisava das multidões para preservar sua caminhada solitária. Estranha e sedutora figura que, conforme dizes, sempre me atraiu, mais por sua solidão absoluta do que por qualquer coisa. A solidão, caro amigo, pode ser lida de muitos modos, na maior parte das vezes de maneira equivocada, seja pela critica citadina, seja pelos "psis" da vida, seja pelos filósofos de plantão, enfim.. No meu parco entendimento a solidão é uma linguagem cuja expressão maior está na figura mencionada acima: um lobo uivando para o nada, o absolutamente nada.

Quanto aos internautas: achei traços do atravessar multidões virtuais típicos dos internautas de plantão como algo que pode ser travestido numa forma pós-moderna de flânerie. Eles caminham virtualmente no meio das multidões que se apinham nos ciberespaços. Estão entre todos, mas estão absolutamente sós frente a uma tela LCD, um teclado e um mouse.

Tais tipos compõem a galeria dos híbridos. São incluidos-excluidos no vai-e-vem da moderna civilização. Estão incluidos pois são vistos por todos. São tipos "engraçados" mas aceitos desde sempre. Fazem parte da grande fauna dos humanos. Vêem e gostam de ser vistos, exigem "status", pois manifestam personas (tal os fakes de quem fala Isadora, minha neta) que atravessam redes vitais mesmo que virtuais. Estão excluidos porque não se identificam com a maioria dos que lhe cercam, intimos ou não. Ocupam, desde sempre os espaços virtuais da exclusão, pois sua sociabilidade é falsa, eles sabem que é falsa, não importa o que os outros achem. São patéticos para a grande maioria, mas na realidade, são trágicos, desprovidos de uma humanidade que eles rejeitam em nome do seu contrário, uma não humanidade. Eles se ensinam, internautas, uns aos outros as melhores formas de suicídio, marcam hora para suicídios coletivos. Eles não reconhecem a necessidade de cont inuação da espécie, pois exluidos.

Podemos continuar por ai, que tal?

Beijos do amigo

Albano

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